GOMES, Gabriela Estevam et al. Tratamento odontológico em paciente com trissomia do cromossomo 9: relato de caso. Revista da Faculdade de Odontologia, Passo Fundo, n. , p.69-72, 16 maio 2006. Disponível em: <http://www.upf.tche.br/seer/index.php/rfo/article/viewFile/1108/633>. Acesso em: 02 jun. 2011. |
Tratamento odontológico em paciente com trissomia do cromossomo 9: relato de caso |
A trissomia do cromossomo 9 é uma condição genética rara, que apresenta como principais características microcefalia, assimetria facial, cabelos finos, pescoço curto, hipertelorismo, assimetria das mãos, pés e mãos cianóticos, unhas displásicas, anomalias cardíacas, hipoplasia de esmalte, fenda palatina e micrognatia. Foi primeiramente descrita por Jérome Leujene em 1970. De acordo com Gorlin et al.5 (1989), o sexo feminino é duas vezes mais acometido que o masculino. A trissomia pode ser completa ou parcial. Nos casos de trissomia completa do cromossomo 9, o feto raramente sobrevive e os abortos ocorrem, geralmente, da 8ª à 14ª semana de gestação. Já nos casos de trissomia parcial o risco de aborto é diminuído. Na trissomia parcial ou mosaicismo, ao nascerem, os indivíduos apresentam características como microcefalia ou dolicocefalia, assimetria facial, couro cabeludo com implantação baixa, cabelos finos, pescoço curto ou alado, hipertelorismo, pálpebras arqueadas e estrabismo. Na cavidade bucal, as características relatadas são hipoplasia de esmalte, fenda palatina e labial, ângulos dos lábios inclinados para baixo, micrognatia, arco palatino elevado, microstomia, protrusão do lábio superior, protrusão da língua e filtro labial curto. Paciente feminino, leucoderma, com dez anos de idade, cuja mãe relatou que a mesma apresentava trissomia parcial do cromossomo 9, diagnosticada por meio de cariótipo. Ao exame físico extrabucal, observaram-se assimetria facial, cabelos finos, hipertelorismo, estrabismo, pavilhões auriculares com implantação baixa, micrognatia acentuada, ângulos labiais inclinados para baixo e assimetria das mãos. Foram constatados também retardo mental e dificuldade de andar e falar. Por meio do exame físico intrabucal diagnosticaram-se lesões de cárie no incisivo central superior esquerdo e manchas brancas ativas nas faces vestibulares dos dentes anteriores inferiores. Realizaram-se radiografia panorâmica e telerradiografia lateral; na incidência panorâmica verificou-se ausência de anomalias dentais de forma, tamanho e númer. Na telerradiografia observaram-se a presença de severa micrognatia e predomínio do crescimento da face no sentido vertical O tratamento odontológico foi realizado em ambiente ambulatorial, com a utilização de técnicas rotineiras de manejo comportamental, tais como falar-mostrar-fazer, reforço positivo e premiação, pois a criança se apresentava, inicialmente, resistente ao tratamento. A paciente apresentava lesões ativas de cárie, demonstradas pela presença de manchas brancas na face vestibular dos incisivos inferiores. Assim, foram realizadas quatro sessões de profilaxia, aplicação de clorexidina e aplicação tópica de flúor fosfato acidulado a 1,23%. Foi aplicado selante na face oclusal do dente 84 e dos primeiros molares permanentes, além da realização de restauração de resina composta na face vestibular do dente 21. Foram marcadas sessões periódicas de controle (bimestrais), durante as quais será realizada profilaxia dental, aplicação de clorexidina e aplicação tópica de flúor. Os retornos freqüentes evitarão que a paciente se desabitue do tratamento odontológico e necessite de novo processo de adaptação. Este relato de caso apresenta uma paciente com trissomia parcial do cromossomo 9 cujas características coincidem com as descritas por Gorlin et al. (1989). Murta e Vargas (2001) descreveram a presença de fenda palatina e labial, arco palatino elevado e microstomia nos pacientes com trissomia do cromossomo 9, o que não se observa nesse caso. Na paciente estudada, a micrognatia severa reduz o espaço disponível para acomodação da língua, resultando na protrusão da mesma. Além de distúrbios de oclusão, dicção e mastigação. Segundo Cobourne et al. (1996) e Jimenez et al. (2001), o tratamento odontológico desses pacientes é realizado em ambiente hospitalar e sob anestesia geral. No caso apresentado, o tratamento foi ambulatorial, após o emprego de técnicas de manejo comportamental e com o auxílio dos pais, diminuindo os riscos da anestesia geral e evitando fatores relacionados à internação hospitalar. É importante que os profissionais da saúde, ao se depararem com pacientes portadores dessa anomalia, divulguem seus achados à comunidade científica com o objetivo de tornar o atendimento odontológico aos portadores da síndrome mais qualificado e específico. |
sábado, 4 de junho de 2011
FICHAMENTO 03
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