sábado, 4 de junho de 2011

FICHAMENTO 03

GOMES, Gabriela Estevam et al. Tratamento odontológico em paciente com trissomia do cromossomo 9: relato de caso. Revista da Faculdade de Odontologia, Passo Fundo, n. , p.69-72, 16 maio 2006. Disponível em: <http://www.upf.tche.br/seer/index.php/rfo/article/viewFile/1108/633>. Acesso em: 02 jun. 2011.
Tratamento odontológico em paciente com trissomia do cromossomo 9: relato de caso
A trissomia do cromossomo 9 é uma condição genética rara, que apresenta como principais carac­terísticas microcefalia, assimetria facial, cabelos finos, pescoço curto, hipertelorismo, assimetria das mãos, pés e mãos cianóticos, unhas displásicas, anomalias car­díacas, hipoplasia de esmalte, fen­da palatina e micrognatia. Foi pri­meiramente descrita por Jérome Leujene em 1970. De acordo com Gorlin et al.5 (1989), o sexo feminino é duas vezes mais acometido que o masculino. A trissomia pode ser completa ou parcial. Nos casos de trissomia comple­ta do cromossomo 9, o feto rara­mente sobrevive e os abortos ocor­rem, geralmente, da 8ª à 14ª sema­na de gestação. Já nos casos de trissomia parcial o risco de aborto é diminuído. Na trissomia parcial ou mosaicismo, ao nascerem, os indivíduos apresentam características como microcefalia ou dolicocefalia, assimetria facial, couro cabeludo com implantação baixa, cabelos finos, pescoço curto ou alado, hipertelorismo, pálpebras arqueadas e estrabismo. Na cavidade bucal, as caracte­rísticas relatadas são hipoplasia de esmalte, fenda palatina e labial, ângulos dos lábios inclinados para baixo, micrognatia, arco palatino elevado, microstomia, protrusão do lábio superior, protrusão da língua e filtro labial curto. Paciente feminino, leucoderma, com dez anos de idade, cuja mãe relatou que a mesma apresentava trissomia parcial do cromossomo 9, diag­nosticada por meio de cariótipo. Ao exame físico extrabucal, observaram-se assi­metria facial, cabelos finos, hipertelorismo, estrabis­mo, pavilhões auriculares com implantação baixa, mi­crognatia acentuada, ângulos labiais inclinados para baixo e assimetria das mãos. Foram constatados também retardo mental e dificul­dade de andar e falar. Por meio do exame físico intrabucal diagnostica­ram-se lesões de cárie no incisivo central superior es­querdo e manchas brancas ativas nas faces vestibula­res dos dentes anteriores inferiores. Realizaram-se radiografia panorâmica e telerra­diografia lateral; na incidência panorâmica verificou-se ausência de anomalias dentais de forma, tamanho e númer. Na telerradiografia observaram-se a presença de severa micrognatia e predomínio do crescimento da face no sentido vertical O tratamento odontológico foi realizado em ambien­te ambulatorial, com a utilização de técnicas rotineiras de manejo comportamental, tais como falar-mostrar-fazer, reforço positivo e premiação, pois a criança se apresentava, inicialmente, resistente ao tratamento. A paciente apresentava lesões ativas de cá­rie, demonstradas pela presença de manchas brancas na face vestibular dos incisivos inferiores. Assim, fo­ram realizadas quatro sessões de profilaxia, aplicação de clorexidina e aplicação tópica de flúor fosfato aci­dulado a 1,23%. Foi aplicado selante na face oclusal do dente 84 e dos primeiros molares permanentes, além da realização de restauração de resina composta na face vestibular do dente 21. Foram marcadas sessões periódicas de con­trole (bimestrais), durante as quais será realizada profilaxia dental, aplicação de clorexidina e aplicação tópica de flúor. Os retornos freqüentes evitarão que a paciente se desabitue do tratamen­to odontológico e necessite de novo processo de adaptação. Este relato de caso apresenta uma paciente com trissomia parcial do cromossomo 9 cujas característi­cas coincidem com as descritas por Gorlin et al. (1989). Murta e Vargas (2001) descre­veram a presença de fenda palati­na e labial, arco palatino elevado e microstomia nos pacientes com trissomia do cromossomo 9, o que não se observa nesse caso. Na paciente estudada, a mi­crognatia severa reduz o espaço disponível para acomodação da língua, resultando na protrusão da mesma. Além de distúrbios de oclusão, dicção e mastigação. Segundo Cobourne et al. (1996) e Jimenez et al. (2001), o tratamento odontológico desses pacientes é realizado em ambiente hospitalar e sob anestesia geral. No caso apresentado, o tratamento foi ambulatorial, após o emprego de técnicas de manejo comportamen­tal e com o auxílio dos pais, dimi­nuindo os riscos da anestesia geral e evitando fatores relacionados à internação hospitalar. É im­portante que os profissionais da saúde, ao se depararem com pa­cientes portadores dessa anomalia, divulguem seus achados à comu­nidade científica com o objetivo de tornar o atendimento odontológico aos portadores da síndrome mais qualificado e específico.

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